No meio protestante a graça é definida como a
disposição de Deus em conceder a salvação sem outras condições (obras) a não
ser a atitude de crer. Segundo esses teólogos a salvação não é merecida por
nenhum pré-requisito que o homem possa conquistar, ela é adquirida única e
exclusivamente pela fé.
Para eles um dos maiores disseminadores dessa ideia no novo testamento foi o Apóstolo Paulo.
Porém, não era bem assim que os Apóstolos viam a salvação, essa
radicalização adveio da má compreensão protestante dos textos. Inicialmente
devemos distinguir os três tipos de obras de que fala o evangelho: as obras da
Lei (o judaísmo), as obras da carne (as promiscuidades) e as obras do bem (a
caridade).
Os apóstolos ensinavam que a salvação somente era possível
através da fé em Jesus Cristo, mas essa fé englobava não só o crer, mas também
o fazer. O crer em si não garantia a salvação se não viesse acompanhado das
obras do bem.
Vejamos por exemplo, o Apóstolo Pedro quando afirmou: “Se
invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de
cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação.” (1Pedro
1:17) [1]– “Tendo o vosso viver honesto entre os gentios para que, naquilo em
que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da
visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pedro 2:12) Pedro
não via o crer e a salvação independente das obras.
Com João encontramos: “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e
os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama
a seu irmão, não é de Deus.” (1 João 3:10) Os pré-requisitos para ser filho de
Deus aqui são a prática da justiça e do amor. Então, não é somente a fé, única
e exclusiva, que transforma o crente em filho de Deus, existem condições. Por
isso está escrito no Apocalipse: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a
morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um
segundo as suas obras.” (Apocalipse 20:13)
O Apóstolo Paulo em seus escritos falava exaustivamente contra as obras
do Judaísmo, isto é, os seus ritos que já não eram mais necessários em virtude
da Boa Nova trazida por Jesus: Romanos 3:28 (Gálatas 2: 16; 2: 21; 3:5; 3:10;
3:24; 5: 4-5), Efésios 2:8-9.
O Apóstolo dos gentios nunca foi contra as obras do
bem para a salvação, que ele enaltece em total concordância com Tiago 2:17
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.”
Desse modo, Paulo afirma: “O qual recompensará cada
um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com
perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção;”
(Romanos 2:6-7) – “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou
bem, ou mal.” (2 Coríntios 5, 10) – “E não nos cansemos de fazer o bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”(Gálatas 6:9) –
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2: 10)
Assim sendo, os apóstolos de Jesus simplesmente não
ensinaram a graça e a fé da maneira como é ensinada no protestantismo. Eles não
descartavam absolutamente as obras do bem, como condição fundamental de
concretização da fé e da salvação. Uma crença inativa não era uma fé
verdadeira. Esse posicionamento apostólico está totalmente concorde com o
Espiritismo.
Mas alguém poderia contestar dizendo o seguinte:
mesmo essas obras eram feitas sob a crença em Jesus, não garantindo em si a
salvação de um não cristão. Isso não contraria o ensino espírita do “Fora da
Caridade não há Salvação?”.
Para o Espiritismo [2] quanto mais o individuo
estiver sintonizado com as obras do bem, mas ele está em sintonia com Jesus,
pois, mesmo não acreditando Nele age como se acreditasse.
Certa feita, Paulo disse o seguinte: “Porque, quando
os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei
escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os
seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os;” (Romanos 2:14-15) e
ainda afirmou: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três,
mas o maior destes é o amor.” (1 Coríntios 13:13) colocando o amor acima
mesmo da fé.
Esse pensamento serve para os não cristãos e está
concorde com os demais Apóstolos: “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para
com os outros, porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pedro
4:8) – “Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente
pela fé” (Tiago 2:24) – “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é
esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se
da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27) – “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu
tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha
fé pelas minhas obras” (Tiago 2:18) – “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e
odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu,
como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 João 4:20)
Do mesmo modo, aquele que é cristão, mas não faz o
bem não está em sintonia com o Cristo: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e
não o faz, comete pecado” (Tiago 4:17) – “Porque o juízo será sem
misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa
do juízo” (Tiago 2:13) – “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que
tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?” (Tiago
2:14)
Jesus, o Cristo de Deus é o governador do planeta terra
[3], estando todos os seres deste orbe sujeitos a sua autoridade. Assim sendo,
embora existam diferentes religiões só existe um Deus e um Cristo planetário e
todos os que se aproximam Dele pela prática do bem são seus discípulos, mesmo
sem o conhecer.
Jefferson
Moura de Lemos
[1]
O Novo Testamento, João Ferreira de Almeida (Edição Corrigida e Revista). Os
Gideões Internacionais no Brasil.
[2]
Recomendo tambem a leitura do capítulo 15 de “O evangelho Segundo o
Espiritismo” e tambem de “O Livros dos Espíritos” questão 886 – 889.
[3]
Ver o nosso artigo “As reencarnações de Jesus”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário