“Estudando-se todas as paixões e, mesmo,
todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de
conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres
primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina,
sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida
intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve,
porque esta domina a matéria.” (A GÊNESE, CAPÍTULO III – item 10, Origem do bem
e do mal).
A EVOLUÇÃO DO
ESPÍRITO E OS INSTINTOS
Segundo a Doutrina Espírita o Espírito é criado simples e ignorante,
nessa fase inicial ele é denominado de Princípio Espiritual ou Princípio
Inteligente [1].
A partir de seu surgimento o Princípio Espiritual ou Inteligente começa
o seu processo evolutivo passando por determinadas etapas, que são uma
preparação antes de tornar-se um espírito propriamente dito, isto é, um ser
autoconsciente. Esses estágios preparatórios ocorrem nos três reinos da
natureza: O Reino Mineral, o Reino Vegetal e o Reino Animal.
Nesses reinos domina o determinismo e a vida instintiva, não existindo para o Princípio Espiritual uma consciência individual de si próprio e nem liberdade de escolha. Assim, nos minerais reina totalmente as leis Físico-químicas, ao passo que nos primeiros organismos e nos vegetais, além desses processos existe também a organização da forma orgânica, o metabolismo e a sensibilidade, isto é, uma reação aos estímulos externos. Nos animais somam-se a essas características, também os instintos e o desenvolvimento de uma inteligência limitada às suas necessidades imediatas, como se observa principalmente entre os mamíferos.
Nesses reinos domina o determinismo e a vida instintiva, não existindo para o Princípio Espiritual uma consciência individual de si próprio e nem liberdade de escolha. Assim, nos minerais reina totalmente as leis Físico-químicas, ao passo que nos primeiros organismos e nos vegetais, além desses processos existe também a organização da forma orgânica, o metabolismo e a sensibilidade, isto é, uma reação aos estímulos externos. Nos animais somam-se a essas características, também os instintos e o desenvolvimento de uma inteligência limitada às suas necessidades imediatas, como se observa principalmente entre os mamíferos.
Algumas espécies de mamíferos superiores também se destacam por
demonstrarem comportamentos que já evidenciam a obtenção de uma autoconsciência
e uma inteligência relativamente mais desenvolvida, como é o caso de
chimpanzés, orangotangos e golfinhos. Esses Princípios Espirituais encontram-se
num estágio muito próximo da individualização completa, no limiar da humanidade
primitiva, como foram os hominídeos, os ancestrais do homem moderno [2].
Chegado à fase humana, começa para o Princípio Espiritual a sua vida
como Espírito, isto é, uma individualidade dotada de autoconsciência e livre
arbítrio. Nesse estágio, não há mais possibilidade de retorno aos estágios
anteriores, não podendo mais a alma humana reencarnar num corpo animal e você versa
[3].
Embora o ser humano também faça parte do Reino Animal, como mamífero e
primata, convencionou-se para efeito didático, criar o vocábulo hominal para facilitar
o entendimento e por ter alcançado os atributos de autoconsciência, raciocínio
desenvolvido e livre arbítrio, características que o colocam de certa forma à
parte perante os seus irmãos menores. [4]
OS INSTINTOS E O MAL
As qualidades próprias da humanidade vão aos poucos surgindo e se
sobrepondo ao determinismo e a influência instintiva, tornando o ser humano
capaz de intervir na natureza e no seu próprio destino. Todavia, os
condicionamentos adquiridos nos reinos anteriores não desaparecem totalmente a
não ser de forma gradual, os instintos vão somente aos poucos sendo subjugados
à medida que o Espírito desenvolve a inteligência, a razão e a vida moral.
Desse modo, os povos mais selvagens são os que estão mais próximos desses
condicionamentos instintivos, por ainda não terem o intelecto e o senso moral
desenvolvidos [5].
A cada nova existência o espírito vai se despojando desses estímulos
primitivos, mas, esse trabalho acontece de maneira mais ou menos rápida
dependendo sempre da sua vontade e da liberdade de escolha que adquiriu.
Podendo contrair outros condicionamentos nessa trajetória, acelerando a sua
evolução ou retardando-a. Principalmente aquelas ligadas aos sentidos, quando
então a sua razão e moralidade podem se tornar anestesiados pelas paixões
inferiores e a sua inteligência subjugada e direcionada apenas à satisfação
daquilo que constitui o seu objeto de prazer.
Nesses condicionamentos está a origem do mal. Quando essas influências instintivas dominam, sobrepujando a inteligência, a razão e a vida moral, sobejam os vícios de toda ordem, os excessos do orgulho e da vaidade, à busca pelo poder e todos os males que a humanidade vivenciou, vivencia e infelizmente ainda irá vivenciar por muito tempo [6].
Nesses condicionamentos está a origem do mal. Quando essas influências instintivas dominam, sobrepujando a inteligência, a razão e a vida moral, sobejam os vícios de toda ordem, os excessos do orgulho e da vaidade, à busca pelo poder e todos os males que a humanidade vivenciou, vivencia e infelizmente ainda irá vivenciar por muito tempo [6].
AS INFLUÊNCIAS
ESPIRITUAIS E AS MITOLOGIAS
O Espírito quando desencarnado e ainda dependente dos prazeres a que cedeu
quando no plano físico, sofre por não podê-los satisfazer no mundo espiritual,
almejando desse modo, ligar-se a um encarnado que compartilhe dos mesmos
desejos, transformando-se num espírito obsessor.
Essas influências espirituais de espíritos humanos inferiores sempre existiram, estando presentes desde o surgimento da humanidade, sendo interpretadas de maneiras diversas na religiosidade e mitologias antigas, personificando-se muitas vezes em criaturas malfazejas que tentam desviar o homem, tornando-se adversárias dos deuses (Politeísmo) ou do próprio Deus (Monoteísmo), como é o caso de satã no cristianismo tradicional. Satanás, arimã ou quaisquer outras personificações mitológico/religiosas do mal, nada mais são do que representações da coletividade de espíritos humanos sofredores ou mal intencionados, ainda presos aos instintos inferiores [7].
Essas influências espirituais de espíritos humanos inferiores sempre existiram, estando presentes desde o surgimento da humanidade, sendo interpretadas de maneiras diversas na religiosidade e mitologias antigas, personificando-se muitas vezes em criaturas malfazejas que tentam desviar o homem, tornando-se adversárias dos deuses (Politeísmo) ou do próprio Deus (Monoteísmo), como é o caso de satã no cristianismo tradicional. Satanás, arimã ou quaisquer outras personificações mitológico/religiosas do mal, nada mais são do que representações da coletividade de espíritos humanos sofredores ou mal intencionados, ainda presos aos instintos inferiores [7].
Jefferson Moura de
Lemos
[1] O Livro dos Espíritos, questões: 23 e 79.
A Gênese, cap. XI, item 1.
[2] A – O Livro dos Espíritos, questões: 189, 190, 604, 606, 606A.
B – No Mundo Maior, de André Luiz, cap. 4.
[2] A – O Livro dos Espíritos, questões: 189, 190, 604, 606, 606A.
B – No Mundo Maior, de André Luiz, cap. 4.
C – Evolução em Dois Mundos, André Luiz, cap.
4.
D – Essa humanização provavelmente não
acontece mais em nosso orbe, por não abrigar mais humanos tão primitivos.
Devendo ocorrer em mundos que devam estar no estágio de primitividade que a
terra esteve no passado.
[3] O Livro dos Espíritos, questões: 611, 612
e 613.
[4] O Livro dos Espíritos, questão: 595.
[5] O Livro dos Espíritos, questões: 191,
849.
[6] O Livro dos Espíritos, questões: 605 e
605A, 845, 846, 907, 908.
[7] A Palavra hebraica Satã ou Satanás
significa originalmente “adversário” e era empregada para todos os casos em que
alguém se opunha a outrem. Até mesmo o anjo do Deus foi chamado satã (Números
22: 22). O vocábulo ganhou a conotação espiritual exclusivamente maléfica
empregada atualmente a partir da influência dualista do Zoroastrismo,
tornando-se à semelhança de Arimã o adversário de Deus.
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