Para que possamos compreender melhor a narrativa da criação contida no Gênesis,
faz-se necessário nos situarmos no contexto em que esse livro foi redigido,
para isso o conhecimento das influencias que a civilização hebraica recebeu dos
antigos habitantes do Oriente Médio é importante.
A cosmogonia desses povos foi absorvida pelos Judeus, passando a definir a sua
visão de mundo, sobrevivendo através de lendas e tradições juntamente com
observações aparentes da realidade, que com o tempo sofreram as devidas
transformações, tomando características regionais e nacionais, resistindo até
os nossos dias.
Muitos de seus ensinos não resistem às descobertas cientificas da atualidade,
demonstrando que a narrativa serviu para um propósito, num período determinado
até que as descobertas da ciência viessem trazer a verdade à tona. E como o
afirmou Allan Kardec: “a
ciência é chamada a constituir a verdadeira Gênese, segundo a lei da natureza”
Moisés ou mais precisamente, os escribas responsáveis por recolher as
informações acerca da tradição oral e transcrevê-las para os pergaminhos que
compunham a Torá, ao elaborarem os fundamentos do Judaísmo, necessitavam
responder às diversas interrogações sobre as origens do mundo e dos seres. Para
isso, só podiam servir-se dessas antigas concepções semitas herdadas dos
patriarcas e dos povos ao seu redor adaptando-as, seguindo a inspiração dos
espíritos do Senhor, afim de atender as necessidades da época.
“Não rejeitemos, pois, a Gênese Bíblica; ao contrário estudemo-la, como se
estuda a historia da infância dos povos. Trata-se de uma época rica de
alegorias, cujo sentido oculto se deve pesquisar; que se devem comentar e
explicar com o auxilio das luzes da razão e da ciência. Fazendo, porém,
ressaltar as suas belezas poéticas e os seus ensinamentos velados pela forma
imaginosa, cumpre se lhe apontem expressamente os erros, no próprio interesse
da religião. Esta será muito mais respeitada, quando esses erros deixarem de
ser impostos à fé, como verdade, e Deus parecerá maior e mais poderoso, quando
não lhe envolverem o nome em fatos de pura imaginação.” (Allan Kardec em “A
Gênese” cap. XII. Item 12)
Todavia, a grande virtude da Gênese mosaica é a de exprimir de forma simples,
imaginosa e poética, a ação da vontade divina esse “FIAT LUX” onde Deus quis e
aconteceu. (O Livro dos Espíritos, questão 38)
Jefferson
Moura de Lemos
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